domingo, 29 de março de 2009

Médicos não trabalham mas recebem o salário

integral como se dessem expediente de quatro horas por dia, segundo o promotor público Clodoaldo Anunciação. O promotor visitou a unidade de saúde Alberto Teixeira Barreto, na sexta-feira, e observou que médicos assinaram o ponto como se já tivessem trabalhado até o fim do mês. Segundo ele, o crime é de falsidade ideológica e açãoes serão abertas contra estes profissionais. A ação foi acompanhada pela procuradora do Ministério do Trabalho em Itabuna, Elisiane Santos. De acordo com o representante do Ministério Público Estadual, além dos médicos que recebem sem comparecer ao trabalho, existem profissionais que dão expediente de uma hora e recebem como se trabalhassem quatro, como prevê os contratos. Esta denúncia já tinha sido feita pelo jornal A Região desde 2006, inclusive citando médicos e enfermeiras que “trabalhavam” em período integral, ao mesmo tempo, em Itabuna, Ilhéus e mais uma ou duas cidades vizinhas. O promotor afirma que há indícios de que entre os médicos que não comparecem ao trabalho estão os cedidos ao município pela Secretaria Estadual de Saúde. Numa tentativa de melhorar o atendimento, o estado liberou 45 médicos para a Secretaria Municipal. Segundo Anunciação, o município não tem qualquer controle sob esses profissionais. Ele afirma que nem em unidades referência, como a Möise Hage, no Lomanto; Alberto Teixeira Barreto, na Califórnia; e José Edites, no São Caetano há uma escala de médicos. No Lomanto, por exemplo, o médico não apareceu na quinta-feira, 26. O promotor apurou que na unidade, quando há médico, o profissional atende 20 fichas em uma hora e deixa o local sem cumprir a jornada de quatro horas. “Não podemos admitir que um município que enfrenta uma epidemia de dengue, onde pessoas estão morrendo por causa da doença, existam médicos recebendo salário sem cumprir o contrato”. Investigação O secretário de saúde de Itabuna, Antônio Vieira, afirmou que não sabia que médicos recebiam salário sem trabalhar e que outros profissionais não cumpriram a carga horária para a qual foram contratados. Ele informou que está investigando as denúncias. De acordo com Vieira, caso sejam confirmadas as irregularidades, “os médicos que pertencem ao estado serão devolvidos e os contratados pelo município terão seus contratos cancelados”. Os médicos do estado estão trabalhando em programas como Saúde da Família. Vieira afirmou que as reclamações da comunidade podem ser feitas diretamente à Secretaria de Saúde do Município. “Estamos fazendo de tudo para que a população seja bem assistida. Contratamos novos médicos e temos mantido as unidades abastecidas”. Clodoaldo rebate o secretário, informando que no posto José Edites, por exemplo, o centro de hidratação não está fazendo exames de dengue porque falta álcool. A reportagem de A Região foi checar as denúncias do promotor de justiça. Na unidade do bairro Lomanto, não há médicos para atendimento em todos os dias da semana e os suspeitos de estar com dengue são examinados por uma enfermeira, que decide se encaminha ou não o paciente para um hospital. No José Edites o movimento era fraco, mas uma paciente com suspeita de dengue esperava há mais de uma hora. Ela tinha feito exame no dia anterior e aguardava uma nova consulta para saber se estava com dengue e seria encaminhada para internamento. Em uma das unidades visitadas, a reportagem de A Região foi informada que o médico ficava no posto por um período de, máximo, duas horas.

Postado por A Região